Constatação daijo (visão ampla)

Interpretando-se esse pensamento de forma daijo, constatamos que essa manifestação purificadora ocorre em todos os seres e ambientes. Na natureza, por exemplo, as pragas que surgem nas plantações também são ações purificadoras, pois elas estão eliminando as impurezas deixadas pela amônia, adubos e esterco utilizados no preparo da terra. Assim, pequenos insetos e pragas têm a função de eliminar os efeitos desses produtos tóxicos que se infiltram nas plantas. Tal fato nos ensina a importância de se manter o solo puro sem o uso de adubos, quer químicos, quer orgânicos, para se impedir o aparecimento de pragas.

Da mesma forma devem ser interpretados os incêndios, roubos e trapaças. Tudo indica tratarem-se de um bem ou de dinheiro que, de alguma maneira, apresentava uma mácula em sua origem. A pessoa não deveria possuí-lo e, por isso, lhe foi tirado. Deus criou esse mundo assim: toda impureza tem de ser eliminada. A Lei da Purificação é viva e, para entendê-la, é necessário que seja interpretada no sentido daijo, pois a nossa visão de mundo é muito limitada.

Mas dá-se o contrário na prática do ascetismo, na qual o jejum, o isolamento e o desconforto são os causadores do sofrimento que, por sua vez, é decorrente da busca por uma purificação consciente. Nesses casos, trata-se de uma ação purificadora ativa.

Essa lógica jamais chegou a ser esclarecida pelas religiões, pois sempre pregaram, de maneira simplista, que o sofrimento era decorrência do pecado. No entanto, por meio de testemunhos recebidos, pude constatar que o entendimento sobre o pecado ainda não é claro, mesmo entre os membros, pois ainda aparecem questões como: “eu purifico há tanto tempo, e ainda tenho que purificar?” É óbvio que há máculas que a própria pessoa pressente, mas há outras que ela nem sequer imagina que tenha.

Motivos como os acima expostos fazem com que eu volte a um assunto que até agora não ficou bem entendido: o da relação entre impurezas e felicidade ou infelicidade do homem.

 

Meishu Sama – O Caminho da Felicidade, p. 75 – Lux Oriens Editora